Especialização Lato Sensu
Humanidades: estudos interdisciplinares em educação, cultura e contemporaneidade.
Grande área e área do conhecimento: Ciências Humanas
Unidade Responsável – Centro/Colegiado: CCHE – Centro de Ciências Humanas e da Educação.
Membros da Comissão Coordenadora do Curso:
Coordenador do Curso: Prof. Dr. Marcio Luiz Carreri
Vice-Coordenador: Prof. Dr. Mateus Luiz Biancon
Membros dos Colegiados:
Prof. Dr. Antonio Donizete Fernandes
Prof. Dr. Ricardo Andre Ferreira Martins
Período de Realização
Início: agosto/2017 - término: dezembro/2018
Carga Horária
O curso de Especialização, em nível lato sensu, denominado Humanidades: estudos interdisciplinares em educação, cultura e contemporaneidade é vinculado ao Centro de Ciências Humanas e da Educação, do campus Jacarezinho da UENP. Envolve docentes dos Colegiados de cursos de História, Pedagogia, Filosofia e Ciências Biológicas do CCHE e docente do curso de Letras do CLCA, todos com experiências de estudos e pesquisas, em seus respectivos campos.
Trata-se de um curso que objetiva fornecer subsídios fundamentais ao profissional das Ciências Humanas, para o entendimento necessário sobre os problemas da contemporaneidade. Importa-se em refletir e elaborar sobre as diversas problemáticas educacionais, ambientais, sociais, culturais, religiosas, políticas e filosóficas, que apresente um conjunto de conteúdo que considere os direitos humanos, inclusão, questões étnico-raciais, ética, estética, arte, sexualidade e diversidade cultural. Outrossim, possa capacitar para a análise do mundo das ideias, das ciências, do conhecimento, tecnologia e das informações. O Curso dará ao formando um perfil generalista, com conteúdos humanísticos amplos, com ênfase no pensamento crítico e capacidade de contribuir para a transformação da sociedade a partir do espaço em que atua.
O projeto acontece em um período de grandes mudanças institucionais e estruturais da sociedade brasileira, em intensos conflitos e debates sobre visões de mundo e o papel da educação, da cultura e da política para manutenção ou transformação social. Momentos que exigem do profissional da Educação uma reflexão sobre seu papel social, que combina postura intelectual e posicionamento crítico.
Segundo André Chervel , “do homem honesto das idades clássicas ao homem cultivado da época contemporânea, o indivíduo que essa tradição forma é aquele que, pela prática dos textos e dos autores, pelo contato com as civilizações fundadoras, pelo exercício da tradução, da imitação e da composição, adquiriu o gosto, o senso crítico, a capacidade de julgamento pessoal e a arte de se exprimir oralmente e por escrito, conforme as normas recebidas”. Esse perfil generalista e culto, apontado pela tradição, foi levado em conta pelas gerações modernas que inventaram uma nova tradição, as Ciências Humanas, dividindo-as, mais a frente, em diversas ciências para compreender o homem em uma sociedade em transformação, no século XIX.
Estratégia importante para aquele período, as universidades contemporâneas adotaram e confirmaram esse perfil, possibilitando uma multiplicidade de estudos sobre a sociedade, em campos diversos. A “cultura”, a partir da segunda metade e principalmente no final do século passado, ampliou o conteúdo de seu conceito e colocou-se como mediadora privilegiada desses diversos saberes e práticas e a perspectiva da educação e do ensino também se especializaram, a partir não só de demanda teórica, mas em resposta aos diversos movimentos sociais e culturais de grupos e identidades que reivindicaram um lugar na política, na cultura, na escola e nas universidades.
Sobre as humanidades, Chauí expressou-se: “se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que [as Humanidades] são o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes”.
No nosso caso, para definir um conteúdo para um curso dessa natureza, é preciso, portanto, levar em conta três fatores fundamentais que precisam combinar. Primeiro as disciplinas que formam a chamada Ciências Humanas devem ser contempladas, a realidade de nossa unviersidade e da sociedade do seu entorno devem ser consideradas e, finalmente, as pesquisas desenvolvidas pelos docentes combinado com suas práticas educacionais e políticas formam um todo de elementos aglutinadores para pensar um problemática geral que oferereça um conteúdo responsavelmente intelectual e pedagógico para o estudante/profissional.
Saberes reunidos nos domínios da política, religião, filosofia e história são fundamentais para pensar o Humano, que, pensando do ponto de vista da cultura, possa traduzir-se em um lugar de possibilidades de ensino e aprendizagem, uma resposta da universidade para esses tempos que demandam análises mais contundentes do contemporâneo.
Como sabemos, boa parte dos reclamos e desejos quando se pensa na constituição de propostas de cursos de Especialização, para não dizer de toda educação escolarizada, essas detêm como prerrogativa a busca por atender o mercado como substrato de toda ação educativa.
Ainda que quiséssemos dispor ou partir deste fundamento nunca conseguiríamos acompanhar os processos de mudança vividos em face da ordem socioeconômica e de sua dinâmica cultural. Prova disso é que as empresas vêm modificando e modificando-se ao investirem na formação do seu pessoal, o que levar-nos-ia entender que o que se aprende na universidade, como observa Ribeiro (2001), não deterá valor daqui alguns anos.
Para UENP, em face de sua breve vida institucional tais questões, como Ribeiro ajuda-nos ainda a pensar, remetem diretamente a aquilo que está posto à universidade do ponto de vista do que, diferentemente de qualquer empresa, ela faz bem, isto é, explorar significações, subtextos e relações de poder.
Assim quando pensamos na conexão de sentidos mantida entre educação, cultura e contemporaneidade, a proposição de um curso de Especialização voltada a humanidades em meio à dinâmica dos processos de globalização e a reconfiguração da lógica do capital, tendo em conta ainda questões como meio ambiente e movimentos sociais. Aos clássicos nos encontramos obrigados a voltar, mas agora, a partir da possibilidade de vivenciar a experiência da abertura rumo à cultura da pesquisa e sua publicação.
Logo o que está posto é que a experiência da educação como prática de ensino e de aprendizagem, motivada pelo cultivo da pesquisa em humanidades, em face dos diferentes campos e conteúdos curriculares, possibilite tanto diretamente aos alunos da especialização como, indiretamente, aos alunos das graduações à detenção da capacidade de questionar de maneira regrada as regras que aprenderam e, assim, produzirem e inovar a pesquisa.